A recente alta de tarifas sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos pode ter uma motivação que vai muito além de questões comerciais ou políticas internas. Em visita oficial aos EUA, o senador Carlos Viana (Podemos-MG) apontou que a aproximação militar entre Brasil e China pode ser um dos principais motivos por trás do chamado “tarifaço” de 50%.
💥 Muito além da economia: a disputa geopolítica
Segundo o senador, que participou de reuniões com congressistas norte-americanos e empresários nos Estados Unidos, o foco das preocupações americanas não é apenas econômico, mas estratégico e militar. De acordo com Viana, representantes do governo dos EUA demonstraram incômodo com o papel que o Brasil tem assumido dentro do Brics, especialmente no que diz respeito à cooperação militar com a China.
A tensão se agrava ainda mais diante da proposta do bloco — formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — de uma moeda alternativa ao dólar para o comércio global. Para os EUA, isso representa um risco direto à hegemonia americana no cenário internacional.
🚫 Não é sobre Bolsonaro, dizem republicanos
Apesar de muitos acreditarem que o aumento das tarifas poderia ser uma retaliação ao julgamento de Jair Bolsonaro no Brasil, Carlos Viana afirmou que essa não é a verdadeira razão por trás das medidas. Segundo ele, parlamentares do Partido Republicano, o mesmo do ex-presidente Donald Trump, deixaram claro que a preocupação central é com os rumos geopolíticos que o Brasil está tomando.
Essa versão dos bastidores surgiu justamente após a publicação de uma carta de Trump, no dia 17 de julho, defendendo que o julgamento de Bolsonaro fosse interrompido. Mas, de acordo com Viana, o foco americano está no papel crescente do Brasil na reorganização da ordem global — especialmente ao lado da China.
🔍 Impactos diretos para o Brasil
O tarifaço afeta diretamente setores estratégicos da economia brasileira, como o agronegócio e a indústria de transformação. Produtos como carne, aço e minério de ferro já estão sendo impactados pela nova taxa de 50%, o que pode causar uma queda nas exportações e afetar o desempenho econômico do país no segundo semestre de 2025.
Além disso, a movimentação dos EUA envia um recado claro: os aliados geopolíticos terão consequências econômicas. O Brasil, ao se aproximar militarmente da China e adotar posturas mais independentes dentro do Brics, está comprando uma briga direta com Washington.
🌍 O Brasil no meio da disputa de gigantes
O episódio mostra como o Brasil, mesmo sem buscar confronto direto, acaba no centro de uma disputa global entre Estados Unidos e China. A decisão sobre até onde vai essa aproximação com os chineses — e se ela incluirá de fato acordos militares formais — pode determinar o futuro das relações comerciais com o maior importador de produtos brasileiros.
Enquanto isso, o governo brasileiro terá que equilibrar os ganhos de uma parceria estratégica com o leste com os riscos de retaliações do Ocidente.